Santa Raimunda

 Santa Raimunda

Santa Raimunda, nascida no sertão cearense, dedicou sua vida à fé e à caridade. Analfabeta, mas profundamente espiritual, acolhia e cuidava dos mais necessitados, ensinando o Evangelho através do exemplo. Sua humildade e devoção a transformaram em um farol de esperança para sua comunidade. Reconhecida por sua vida de virtude e serviço, é considerada uma santa popular, símbolo da fé simples e do amor ao próximo.

A vida de santidade

Santa Raimunda, também chamada de “Alma do Bom Sucesso”, e ainda “Santa Raimunda do Bom Sucesso” é, na verdade, uma santa da devoção popular, considerada santa pelo povo da região do Rio Iaco, região seringueira do Acre e das vizinhanças do Peru e Bolívia. Trata-se de uma região que faz parte do município acriano chamado Assis Brasil. É uma devoção que valoriza a mulher, vítima do machismo. Santa Raimunda ainda não é canonizada pela Igreja. Isso, porém, não impediu que inúmeros pessoas recebesse graças através de sua intercessão.

Milagre de Santa Raimunda

A história de Santa Raimunda é contada pelos habitantes do Seringal Cumaru, um seringal que fica dentro do município de Assis Brasil, no Estado amazônico do Acre. Segundo as narrativas, Santa Raimunda era uma mulher muito caridosa e simples, que faleceu sozinha de complicações no parto, ao pé de uma grande seringueira. Ela estava acompanhando o marido, que era seringueiro e estava trabalhando num caminho de seringas. Raimunda já estava nos últimos dias de sua gravidez, com uma enorme barriga. Por isso, em determinado momento, ela não conseguiu mais acompanhar o marido. Este, irritado e bruto, a deixou ali sozinha. Alguns relatos afirmam que ele teria, inclusive, batido nela, antes de deixá-la. Então, sozinha ali, Santa Raimunda entrou em trabalho de parto e teve complicações sérias, que a levaram à morte. Seu marido, estranhando a demora, voltou à procura de Raimunda e encontrou-a morta, no pé de uma grande seringueira. O filho, porém, sobreviveu e foi levado pelo pai. Conta-se que o marido chamou outros homens para que ajudassem a levar o corpo de sua esposa para sepultá-la na cidade. Porém, ele teria ficado tão pesado que não conseguiram tirá-lo dali. Por isso, ela foi sepultada ali mesmo. Testemunhas contam que, no local onde Raimunda faleceu e foi sepultada, um perfume celestial nunca sentido na terra passou a ser sentido por todos os que chegavam ali. Assim começou devoção a Santa Raimunda. E muitas pessoas receberam graças pedindo ajuda a ela.

Relatos de quem conviveu com Santa Raimunda

Raimunda, na verdade, começou a ser chamada de “santa” depois de um fato extraordinário acontecido com um seringueiro. Este estava contaminado pela malária e não poderia tomar uma chuva fria na floresta. Mas o pobre não podia parar de trabalhar, sob o risco de ser mandado embora e perder o sustento de sua família. E, para piorar, começou a cair uma chuva torrencial. O homem, então, pediu que Santa Raimunda lhe protegesse. Conta-se que a chuva não parou de cair, mas o seringueiro não se molhava e conseguiu trabalhar sem se molhar. O fato se espalhou e o povo começou a fazer promessas a Santa Raimunda. No local onde está o seu túmulo, foi construída uma capela. Pessoas de várias regiões, inclusive Peru e Bolívia, fazem romarias e peregrinações até a capela, cumprindo promessas a Santa Raimunda. Hoje, a Capela de Santa Raimunda pertence à paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na cidade de Assis Brasil, no estado do Acre.

O destino do filho

Dom Júlio Matipuí, Administrador Apostólico da região de Assis Brasil nos anos de 1943, ouvindo a história desata Raimunda, recolheu relatos de pessoas que a conheceram ou tinham convivido com ela. Antes de escrever os relatos das pessoas, Dom Júlio assim escreveu o que ouviu: “Em Bom Sucesso, colocação no Seringal Cúria, não longe das cabeceiras do rio Xapuri existe uma sepultura muito visitada por devotos vindos todos os lugares trazendo suas promessas. Levantaram sobre a sepultura uma minúscula Capela de paxiúba (planta nativa), onde em 14 de dezembro de 1943 o Administrador Apostólico visitou e benzeu a mesma”.

Narração de mulher que conheceu Raimunda

O Administrador Apostólico continua escrevendo: “O Sr. Mariano José dos Santos, seringueiro, morador na colocação do Benfica, Cúria, Iaco, conheceu Raimunda Moreno da Silva, a alma do Bom Sucesso; casou no rio Caeté, nas passagens de Mons. Leite, em 1901. Foi para Cúria com seu marido João Moreno, seringueiro, o qual está agora no rio Caeté. Afirma ter sido a referida Senhora ótima ‘ofendendo apenas a comida que comia’. Morreu de parto em 1909. A criancinha foi levada por parentes ao Ceará”.

Sobre o perfume no local da morte

Veja o testemunho de dona Beatriz Sena Araújo, também recolhido e escrito por Dom Júlio Matipuí. Dom Júlio escreveu conservando o português simples de dona Beatriz: “Ela vinha muito cansada e o marido era muito ruim, passou e deixou-a para trás, sozinha, com a carga e com o ‘bilhão’. Aí ela cansou e ficou sentada neste canto. Acho que quando esfriou o corpo, o cansaço foi demais até o ponto que ela não resistiu e morreu. Aí ele ficou esperando ela, e quando chegou na frente onde tinha gente, ali ficou e ela não chegou. Ele voltou, e quando chegou no local onde ela estava a encontrou já morta. Aí uns falam que pelejou para conseguir tirar ela do canto e não conseguiram tirar, e então ali mesmo cavaram o buraco e enterraram ela”.

Devoção a Santa Raimunda

Dom Júlio também escreveu sobre o fenômeno do perfume que se percebia no local onde Santa Raimunda foi sepultada. Ele dizia que a área de terra que o corpo de Santa Raimunda ocupou era“um lugar diferente”. Segundo seus escritos, naquele exato local sentia-se um aroma tão bom e diferente“que aqui na terra não tinha aquele perfume”. Estas citações foram tiradas do livro chamado: História da Diocese de Rio Branco, cujo autor é o bispo chamado Dom Joaquim.

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