Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento, fundadora das Servas Sacramentinas de Jesus na Eucaristia, dedicou sua vida a resgatar mulheres marginalizadas em Madri do século XIX. Inspirada pela fé e caridade, estabeleceu um lar que oferecia abrigo, educação e a oportunidade de uma vida digna. Sua obra, marcada pela devoção à Eucaristia, floresceu em um apostolado de compaixão e esperança, refletindo o amor redentor de Cristo pelos mais necessitados.
Fundadora da Congregação das Adoradoras, Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade
Micaela Desmaeceres y Lopes de Decastilo era filha de um importante militar e nobre espanhol que combateu tropas de Napoleão. Sua mãe se chamava Bernarda e era camareira da rainha Maria Luiza de Parma. O irmão de Bernarda foi embaixador espanhol em Paris e Bruxelas. Porém, apesar de viver na nobreza, bernarda educou os filhos na austeridade e na piedade cristã. Ensinou a Micaela todos os trabalhos domésticos. Quando criança, Micaela acompanhava sua mãe na Igreja durante horas e se sentia embevecida com a presença de Deus.
Origens
Quando jovem Micaela habituou-se a visitar os enfermos e costurar peças de roupa para os pobres. Reunia meninas pobres em sua casa e ensinava a elas a doutrina católica. As obras de caridade e as devoções a absorveram de tal maneira que ela completou trinta anos sem ter pensado em casamento. Nessa época sua mãe faleceu e Micaela herdou o nobre título de Viscondessa de Jorravam.
Juventude
Em suas visitas aos doentes, Micaela se deparava constantemente com mulheres que tinham estragado suas vidas na prostituição e se encontravam enfermas. Então, ela teve a inspiração de fundar uma casa de abrigo para a recuperação física, emocional e espiritual dessas mulheres. Ela mesma cuidava, conversava e conhecia cada uma, e dava a elas amor, respeito e dignidade. Assim, muitas começaram a se recuperar.
Começa o trabalho com as prostitutas
Por sua herança nobre e por herdar grande fortuna, Micaela continuava vivendo na aristocracia. Por isso, viajava com seu irmão pelas capitais da Europa. Nessas viagens, nunca se descuidava da casa fundada na Espanha e procurava fundar outras onde estava, pois o grande número de mulheres obrigadas a se prostituir por total falta de opções na vida cortava seu coração bondoso. Assim, ela vivia entre o luxo da nobreza e a caridade para com as prostitutas. Porém, nunca deixou de fazer sacrifícios, jejuns e mortificações pela sua própria conversão.
A vida entre os ricos
Em 1848 Micaela voltou para a Espanha, disposta a viver como Deus lhe indicasse foi se confessar. O padre fez um comentário que a fez parar para pensar: “A Senhora vem demasiado oca para pedir perdão a Deus... Tire as sedas, mas se vista como essas senhoras virtuosas que vê na igreja”. Santa Micaela compreendeu o recado de Deus e mandou fazer um vestido simples de lã. Os aristocratas começaram a estranhar essa mudança. Mas isso era apenas o começo.
Chamado de Deus
Sua obra de recuperação das prostitutas crescia. Por isso, em 1850 Santa Micaela decidiu mudar-se para viver com elas. Aí revela-se seu talento de liderança, organização, perspicácia psicológica, sua força sobre as rebeldes. A princípio ela faz de tudo: cozinhar, costurar, varrer, ensinar. E a obra cresce ainda mais. Dezenas de mulheres tem suas vidas transformadas. Muitas conseguem até casamento. Outras, entregam-se à vida religiosa seguindo Santa Micaela ali mesmo na casa.
Vivendo com as prostitutas
A família de Santa Micaela juntamente com a aristocracia espanhola ficam chocadas ao vê-la vivendo entre prostitutas e começam a isolá-la. Seu irmão desmaia quando vê o pobre quarto onde ela vivia. Espalha-se o boato de que ela “enlouqueceu”. A rainha Isabel II ouve esses boatos e decide ir visitá-la. Nessa visita, a rainha percebe a grandiosidade da obra de Santa Micaela. A partir daí nasce uma linda e profunda amizade entre as duas, incentivada por Santo Antônio Maria Claret, confessor da rainha.
O choque da família e da nobreza
A obra de Santa Micaela cresce, recupera dezenas e dezenas de mulheres prostituídas e se impõe grande força moralizadora na sociedade espanhola. Por isso, várias moças sentem-se chamadas a ingressar nesse trabalho missionário. Por isso, em 1858, Santa Micaela funda a Congregação das Adoradoras, Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade. Elas tinham como carisma a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento e a recuperação das mulheres prostituídas ou moças em risco de se perderem. A força dessas mulheres vinha da adoração ao Santíssimo Sacramento. Em 1861 a Congregação foi aprovada pela Igreja. A partir de então, várias casas são fundadas na Espanha.
A Congregação
Em 1865, várias monjas da casa de Valência contraíram a cólera. Santa Micaela afirmou decidida: “Saio para Valência, pois aquelas filhas que tenho lá não são valentes, e temo que se acovardem ao ver tanta mortandade”. Porém, poucos dias após chegar a Valência, Santa Micaela sentiu que contraíra a peste e percebeu que sua vida estava perto do fim. Assim, no dia 26 de agosto ela afirmou: “Vou padecer um pouco; mas às doze horas tudo terá passado”. E, realmente, à meia-noite ela faleceu na graça de Deus. Foi beatificada em 1925 e canonizada em 1934.
Morte
“Ó Deus, que destes a Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento a graça da compaixão por aquelas mulheres que se perderam na vida por falta de amor, atenção, cuidado e oportunidades, dai também a nós a graça da compaixão para com aqueles que precisam e aos quais temos a possibilidade de ajudar. Que o exemplo de santa Micaela nos ajude a transformar nossas vidas e as vidas daqueles que o Senhor colocar em nosso caminho. Amém. Santa Micaela, rogai por nós.”
Oração a Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento