Santa Eudóxia, uma samaritana do século IV, converteu-se ao cristianismo após uma vida de pecado em Heliópolis. Sua conversão foi marcada por uma profunda penitência e ascetismo. Distribuiu sua riqueza aos pobres e dedicou-se a uma vida monástica. Eudóxia foi martirizada por sua fé durante o reinado de Diocleciano, tornando-se um exemplo de transformação e devoção. Sua festa é celebrada em 1º de março.
Uma mulher Samaritana
O nascimento de Eudóxia ocorreu na região chamada Samaria, na Palestina por volta do ano 50 da era cristã. A região da Samaria, Como se sabe, era pagã e odiada pelos judeus. O Evangelho diz que uma aldeia samaritana recusou-se a receber Jesus ao saber que ele era judeu e estava indo para Jerusalém. Foi também na Samaria onde ocorreu o maravilhoso encontro de Jesus com a mulher samaritana que o recebeu e se converteu. Eudóxia, talvez, levasse a força dessa passagem bíblica em seu inconsciente, acontecida poucos anos antes de seu nascimento. Ela certamente deve ter ouvido falar de Jesus Cristo.
História
Ainda menina, porém, a família de Eudóxia mudou-se para a cidade de Heliópolis, que ficava na Fenícia, onde hoje é o Líbano. Lá, ela se transformou numa jovem de grande beleza. Como tinha nascido numa família pagã, sem formação religiosa, ela abandonou a família a fim de viver sua vida na libertinagem. Devido a sua beleza, Eudóxia teve vários noivos e pretendentes ricos. Estes chegaram a ir de outros países à procura da jovem encantadora. Por isso, Eudóxia ficou rica, acumulou fortuna.
Um toque de Deus
A casa de Eudóxia em Heliópolis era grudada à casa de um cristão. E aconteceu que, certa vez, este seu vizinho hospedou um monge já idoso, que se chamava Germano. O monge tinha o hábito de se levantar de madrugada para fazer suas orações. E ele o fazia em voz alta. Assim, de madrugada, ele começou a entoar hinos de louvor ao Senhor. Eudóxia, então, acordou ouvindo a voz do monge através da parede. Ela achou bonito e se pôs a prestar atenção no que ouvia. Em dado momento, o monge cantou um trecho do Evangelho que falava sobre a segunda vinda de Jesus Cristo e sobre o juízo final. As palavras de Jesus Cristo cantadas pelo monge impressionaram o coração de Eudóxia e ela não conseguiu mais dormir, percebendo que o Evangelho praticamente descrevia sua vida no pecado.
Encontrando o verdadeiro amor
Quando amanheceu naquele mesmo dia, Eudóxia foi até à casa de seu vizinho e perguntou pelo homem que rezara de madrugada. Ficou conhecendo o velho e sábio Germano. Este, percebendo o espírito sedento de Eudóxia, passou vários dias orientando-a, rezando com ela e ensinando tudo sobre a fé cristã. Eudóxia sentiu que, finalmente, encontrara a verdade e o amor verdadeiro que tanto procurava, sem saber que era isso que ela procurava em sua busca incessante de prazeres.
Uma visão de São Miguel
Em seus momentos de oração com o monge Germano, Eudóxia teve a visão do Arcanjo São Miguel. Na visão, São Miguel dizia a ela palavras consoladoras e cheias de esperança. Esta experiência confirmou no coração de Eudóxia o desejo de se tornar uma seguidora de Jesus Cristo. Então, ela disse ao monge que queria ser batizada e mudar radicalmente o modo de viver.
Batismo
O velho Germano foi ter com o bispo da comunidade de Heliópolis, que se chamava Teólogos. Germano contou ao bispo toda a experiência de Eudóxia. O bispo, então, percebendo a graça da conversão, ministrou o batismo a Eudóxia. Após receber este sacramento, Eudóxia, deu a liberdade aos escravos que possuía, doou todos os bens que ela tinha acumulado aos pobres e ingressou num convento de monjas que ficava perto de Heliópolis. Ela passou o resto de sua vida neste convento.
Dons extraordinários
No convento, Santa Eudóxia viveu durante vários anos. Sua vida ali era inteiramente consagrada ao Senhor, no jejum, nas orações e nos atos de amor e caridade. A convicção de Santa Eudóxia era tamanha que, rapidamente ela chegou a uma maturidade espiritual notável, que transparecia nos seus atos de amor para com o próximo e nos dons extraordinários que se manifestavam através dela. Doentes iam até o convento pedir orações e saíam de lá curados pelas orações de Santa Eudóxia.
Perseguição do prefeito romano
A fama dos dons extraordinários e das curas operadas pela oração de Santa Eudóxia se espalharam pela cidade. Por isso, o prefeito de Heliópolis, um pagão chamado Aureliano, enviou soldados para prendê-la, sob a acusação de bruxaria. Os soldados, porém, não conseguiram entrar no convento de maneira alguma. Santa Eudóxia afirmava que era devido à proteção de São Miguel. Após três dias de tentativas inexplicavelmente frustradas, eles desistiram e, assustados, contaram os fatos ao prefeito. O prefeito, furioso, enviou outro grupo de soldados, desta vez, sob a liderança de seu próprio filho. Quando este grupo chegou diante do convento, porém, inexplicavelmente seus cavalos ficaram muito assustados e começaram a empinar e a refugar com violência. Nisso, o filho do prefeito caiu e morreu na hora. O prefeito, profundamente abalado, resolveu enviar um tribuno para, desta vez, pedir ajuda a Santa Eudóxia. A santa respondeu por um bilhete pedindo autorização para se aproximar do corpo do filho do prefeito. O prefeito Aureliano, sem outra opção, permitiu e levou o filho morto até à porta do convento. Então, Santa Eudóxia saiu, rezou pelo morto e este ressuscitou, para o espanto de todos.
Conversão do perseguidor
Aureliano, ao ver milagre tão extraordinário, converteu-se imediatamente. E com ele, toda a sua família e os membros de seu governo. Uma das filhas de Aureliano chamada Gelosia entrou para o convento de Santa Eudóxia. O filho ressuscitado do prefeito, passou a ser atuante na comunidade cristã local. Logo ele tornou-se diácono e, alguns anos mais tarde, foi sagrado bispo de Heliópolis.
Vida religiosa
Santa Eudóxia, depois de alguns anos, foi eleita a superiora do mosteiro onde vivia. Como superiora, ela se dedicou arduamente ao auxílio dos pobres, a curar os doentes usando os dons que Deus lhe dera. Ela dedicou também a convertendo dos pagãos. Muitos eram os que se convertiam ao ouvirem seus ensinamentos sobre a fé em Jesus Cristo e vendo as curas que aconteciam por suas orações. Santa Eudóxia era uma pessoa de muita oração e jejum. Daí, dizia, é que vinha a força de seu ministério.
Martírio
Quando do governo do imperador romano chamado Trajano, santa Eudóxia foi acusada de disseminar a fé cristã e desobedecer ordens do imperador. Além disso, foi acusada novamente de bruxaria e de fraudes. Por isso, sem nem mesmo passar por um julgamento, Santa Eudóxia foi morta por decapitação. Era o dia primeiro de março do ano 114. Devido ao martírio, ou seja, dar a vida por casa da fé em Jesus Cristo, Santa Eudóxia foi canonizada pela igreja logo após sua morte. O culto a Santa Eudóxia permaneceu até hoje e sua festa foi mantida pela Igreja no dia 1 de março, de sua morte.