Irmã Dulce, nascida Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, dedicou sua vida ao serviço dos pobres e doentes na Bahia. Movida pela fé e caridade, fundou o Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), um complexo hospitalar que se tornou referência no atendimento aos necessitados. Sua trajetória, marcada por abnegação e amor ao próximo, a consagrou como "Anjo Bom da Bahia", símbolo de esperança e solidariedade. Canonizada em 2019, Santa Dulce dos Pobres é exemplo de como a fé pode transformar vidas e comunidades.
A vocação da Irmã Dulce
Irmã Dulce nasceu no dia 26 de maio de 1914, na cidade de Salvador, na Bahia. Foi a segunda filha de Augusto Lopes Pontes, dentista e professor universitário de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Maria Rita foi uma menina alegre, gostava de bonecas, de empinar pipa e de futebol. Torcia pelo Esporte Clube Ipiranga, time dos trabalhadores e dos pobres. Em 1921, com apenas 7 anos, Maria Rita perdeu a mãe, que só tinha 26. Em 1922, juntamente com os irmãos Augusto e Dulcina, recebeu pela primeira vez o Sacramento da Eucaristia, na paróquia de Santo Antônio.
Missão
Sua vocação para trabalhar com pessoas pobres e carentes vem de berço, pelo exemplo do pai. Ela e sua irmã Dulcina seguiram este exemplo. Assim, com apenas 13 anos ela começa a acolher os doentes e mendigos, transformando sua casa num verdadeiro posto de atendimento, tanto que a casa passou a ser conhecida como Portaria de São Francisco. Foi quando ela começou a manifestar a vontade de entrar para a vida religiosa. Maria Rita estudou e se formou professora em 1933. Nesse ano ela entrou na Congregação das Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, com sede em São Cristóvão, no Estado de Sergipe. Passado um ano, no dia 15 de agosto do ano de 1934, com apenas 20 anos, fez os votos perpétuos e recebeu o nome que a marcou para sempre, Irmã Dulce, uma homenagem feita à querida mãe.
Socorro aos doentes
Sua primeira missão como religiosa foi a de ser professora num colégio da congregação, na capital baiana. Mas ela queria mesmo era trabalhar com os mais pobres. Por isso, em 1935, Irmã Dulce começou a trabalhar com os pobres de Alagados, uma comunidade paupérrima que vivia em palafitas, em Itapagipe, um bairro da cidade. Em seguida ela começa a dar assistência aos operários do bairro, criando e organizando um posto médico. Ela funda, em 1936, união Operária São Francisco, a primeira organização de operários da igreja católica do Estado. Daí nasceu o Círculo Operário da Bahia, fundado pela Irmã Dulce e pelo Frei Hildebrando Brutal, em 1936. O grupo se mantinha com doações e com a verba arrecadada dos cinemas Roma, Plataforma e São Caetano. No mês de maio de 1939, ela inaugurou um Colégio que chamou de Santo Antônio, um colégio feito para os operários e seus filhos.
Expansão e Reconhecimento
Nesse mesmo ano, vendo o sofrimento de vários doentes que não tinham onde se abrigar, Irmã Dulce invadiu cinco casas situadas na Ilha chamada dos Ratos. Lá, ela abrigava os doentes recolhidos na rua. Logo, porém, foi expulsa da invasão. Então, ela perambulou com esses doentes por locais diferentes e distantes de tudo, até que no ano de 1949, ela recebeu autorização para ocupar um galinheiro contíguo ao convento, abrigando 70 doentes. Por esse gesto, ela ficou conhecida pelos baianos como a freira que construiu o maior hospital do Estado da Bahia a partir de um pequeno galinheiro.
Segundo encontro de Irmã Dulce com o Papa
Em 1959 foi criada associação Obras Sociais Irmã Dulce. Em 1960 ela inaugura o Albergue Santo Antônio. Os baianos, os brasileiros de outros estados e até personalidades de outros países deram força para que Irmã Dulce construísse suas obras. Em julho de 1980, Irmã Dulce foi incentivada pelo Papa João Paulo Bipara dar continuidade aos seus trabalhos. Em 1988 ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.
Devoção a Irmã Dulce
No dia 20 de outubro de 1991, ela se encontrou novamente com o Papa João Paulo II, em sua segunda visita ao Brasil. O Papa quebrou os protocolos e foi visitar irmã Dulce no Convento Santo Antônio. Ela estava acamada, bastante doente.
Oração a Irmã Dulce
Irmã Dulce faleceu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. Nos últimos 30 anos de sua vida, ela tinha 70% da capacidade respiratória comprometida. Os baianos choraram na despedida doando Bom da Bahia, como ela era conhecida. Seu velório aconteceu na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Uma multidão incontável compareceu à sua despedida. Todos choravam e queriam prestar sua última homenagem àquela que dera sua vida pelos doentes e pelos mais pobres. Quando ainda em vida, Irmã Dulce já era chamada de santa devido à evidente santidade de sua vida. A Igreja também reconheceu a santidade de Irmã Dulce declarando-a beata no dia 22 de março de 2011. A declaração foi oficializada pelo Papa Bento XVI. A festa de Irmã Dulce dos pobres é celebrada no dia 13 de agosto.