imersao-sacramental

O batismo é a declaração aberta de uma vivência íntima. É um ato cristão de acato e uma comprovação pública da aspiração do fiel de se associar com Cristo e acompanhá-lo. Jesus nos ofertou seu modelo e exigiu o ensinamento sobre o batismo. João Batista batizou Jesus no Rio Jordão, concedendo-nos o exemplo para realizar o mesmo como uma validação aberta da nossa fé. Igualmente, Jesus orientou que seus aprendizes batizassem outros crentes (Mateus 28:19).
O batismo é um símbolo da expiração, inumação e renovação de Cristo. É uma imagem exterior da transformação interior de uma pessoa. O fiel abandona a antiga forma de existir em troca de uma existência recente em Cristo. É símbolo de redenção – não uma exigência para a existência eterna. Contudo, como uma ação de acato, também não é dispensável para os cristãos. O batismo sinaliza nossa vontade de comunicar à nossa congregação e ao mundo que estamos engajados com a figura de Jesus e seus ensinamentos.

O BATISMO DE JOÃO
Batismo significa submergir ou afundar. Um conjunto de termos diversos podem ser usados para denotar um culto religioso para um ritual de higienização. No Novo Testamento, tornou-se o rito de admissão na comunidade cristã e era interpretado como falecimento e nascimento em Cristo.
João, o Batista, divulgava o “batismo de contrição para a remissão dos pecados” (Lucas 3:3). Todos os evangelistas estão de acordo sobre isso (Mateus 3:6-10; Marcos 1:4-5; Lucas 3:3-14). Atestamos o batismo como símbolo do nosso redirecionamento na vida. Nós nos arrependemos de nossa antiga forma de existir em pecado e insubordinação. Alteramos a rota e promovemos um novo começo.
As fontes do batismo de João são complexas de localizar. Mantém analogias e contrastes em relação a compromissos e demandas realizadas pelos judeus aos gentis novos convertidos, como o estudo da Torá, circuncisão e o cerimonial do banho para purgar todas as impurezidades do passado gentílico.

A execução do batismo de João tinha os seguintes desfechos:
1. Era estreitamente associado com contrição radical, não só dos judeus, mas igualmente dos gentios.
2. Expressava de maneira clara ser preparado para o Messias, que batizaria com o Espírito Santo e traria o batismo de fogo (Mateus 3:11).
3. Simbolizava depuração moral e dessa forma preparava os indivíduos para a chegada do reino de Deus (Mateus 3:2; Lucas 3:7-14).
4. Apesar da aparente ligação entre o cerimonial de João e a igreja primitiva, o batismo de fato sumiu do ministério direto de Jesus.

De princípio, Jesus consentiu que seus aprendizes prosseguissem o ritual (João 3:22), todavia posteriormente ao que parece ele suspendeu essa execução (João 4:1-3), provavelmente pelas seguintes causas:
1. A mensagem de João era funcional, enquanto a de Jesus era pessoal.
2. João premeditou a chegada do reino de Deus, enquanto Jesus anunciou que o Reino já havia chegado.
3. O rito de João era uma passagem intermediária até o ministério de Jesus.

O BATISMO DE JESUS
Este acontecimento assinalou o início do ministério de Jesus. Alguns especialistas debatem o ocorrido de João Batista, ter batizado Jesus. Todavia, o propósito e significado do batismo de Jesus permanecem polêmicos. João Batista proclamava que o reino dos céus estava próximo e o que o povo de Deus deveria se aprontar para a chegada do Senhor através da renovação da fé em Deus. Para João, isso denotava contrição, confissão de pecados e prática do bem. Sendo assim, por que Jesus foi batizado? Se Jesus não era pecador, como o Novo Testamento proclama (II Coríntios 5:21; Hebreus 4:15; I Pedro 2:22), por que se sujeitou ao batismo de contrição para remissão dos pecados? Os Evangelhos respondem.

O EVANGELHO DE MATEUS
O relato de Mateus sobre o batismo de Jesus é mais minucioso do que o de Marcos. Inicia evidenciando a hesitação de João Batista em batizar Jesus (Mateus 3:14), que foi convencido somente após de Jesus lhe ter exposto: “Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.” (Mateus 3:15). Ainda que o significado completo dessas expressões seja incerto, elas ao menos propõem que o batismo de Jesus era necessário para cumprir a vontade de Deus.
Tanto no Velho como no Novo Testamento (Salmo 98:2-3; Romanos 1:17) a justiça de Deus é vista como a redenção Dele para o Seu povo. Por essa razão o Messias pode ser chamado de “O Senhor é nossa justiça” (Jeremias 23:6, Isaías 11:1-5). Jesus comunicou a João Batista que seu batismo era necessário para realizar a vontade de Deus em trazer a redenção sobre seu povo. Dessa forma a declaração do Pai no batismo de Jesus é apresentada no formato de uma declaração pública. Ressaltava que Jesus era o servo ungido de Deus pronto para instaurar seu ministério, trazendo a redenção do Senhor.

O EVANGELHO DE MARCOS
Marcos apresenta o batismo de Jesus como uma preparação necessária para seu período de provação e ministério. Em seu batismo Jesus obteve a aprovação do Pai e a unção do Espírito Santo (Marcos 1:9-11). A ênfase de Marcos na relação especial de Jesus com o Pai, – “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”(Marcos 1:11) – aproxima duas relevantes referências do Velho Testamento.
A messianidade de Jesus é apresentada de uma maneira totalmente inédita, na qual o Messias reinante (Salmo 2:7) é também o Servo Sofredor do Senhor (Isaías 42:1). A crença popular judaica aguardava um Messias reinante que estabeleceria o reino de Deus, não um Messias que padeceria pelo povo. No pensamento dos judeus a chegada do reino dos céus estava também associada com escutar a voz de Deus e com a dádiva do Espírito de Deus.

O EVANGELHO DE LUCAS
Lucas alude brevemente o batismo de Jesus, colocando-o em paralelo ao batismo de outros que se referiram a João Batista (Lucas 3:21-22). Ao contrário de Mateus, Lucas posiciona a genealogia de Jesus depois de seu batismo e antes do início de seu ministério. O paralelo com Moisés, cuja genealogia ocorre logo antes do início de seu trabalho (Êxodo 6:14-25), não é uma mera coincidência. Provavelmente ambicionou-se ilustrar o papel de Jesus ao trazer libertação (redenção) ao povo de Deus tal como Moisés realizou no Velho Testamento. Em seu batismo, na descida do Espírito Santo sobre si, Jesus estava apto a desempenhar a missão para a qual Deus O havia chamado. Em seguida a sua provação (Lucas 4:1-13), Jesus entrou na sinagoga e expressou que havia sido ungido pelo Espírito para anunciar as boas notícias (Lucas 4:16-21). Que o Espírito se fez presente no Seu batismo para ungi-lo (Atos 10:37-38).
Em seu relato, Lucas procurou identificar Jesus com as pessoas comuns. Isso é notado no berço da história (com Jesus nascido num estábulo e visitado por humildes pastores, Lucas 2: 8-20) e através da genealogia (ressaltando a relação de Jesus com toda a humanidade, Lucas 3:38) logo após o batismo. Dessa forma, Lucas apreciava o batismo como o primeiro passo de Jesus para se identificar com aqueles que Ele veio salvar. Somente alguém que era similar a nós poderia se colocar em nosso lugar como nosso substituto para ser punido com expiração pelo pecado. Jesus se identificou conosco a fim de demonstrar Seu amor por nós.
No Velho Testamento o Messias era sempre inseparável do povo que representava (veja Jeremias 30:21 e Ezequiel 45-46). Ainda que o “servo” em Isaías seja algumas vezes visto de maneira conjunta (Isaías 44:1) e outras vezes como indivíduo (Isaías 53:3), ele é sempre visto como o representante do povo de Deus (Isaías 49:5-26), assim como o servo do Senhor. Evidentemente Lucas, bem como Marcos e Mateus, estava tentando indicar que Jesus, como representante divino do povo, tinha se identificado com ele no batismo.

O EVANGELHO DE JOÃO
O quarto Evangelho não expõe que Jesus foi batizado, mas que João Batista observou o Espírito descendo sobre Jesus (João 1:32-34). O relato enfatiza que Jesus foi a João Batista durante seu ministério de pregação e batismo; João Batista reconheceu que Jesus era o Cristo, que o Espírito de Deus estava sobre Ele e que era o Filho de Deus. João Batista também reconheceu que Jesus, batizava com o Espírito Santo, ao contrário de si mesmo (João 1: 29-36). João Batista descreveu Jesus como o “Cordeiro de Deus que "remove o delito do planeta” (João 1:29). O análogo do Antigo Testamento mais íntimo desta declaração se acha na escritura do “escravo do Senhor” (Isaías 53: 6-7). É provável que “Cordeiro Divino” seja uma versão diferente da frase aramaica “escravo Divino”. A noção de Jesus como aquele que expurga as iniquidades das criaturas é patentemente o centro do quarto Evangelho. Seu autor propõe que João Batista compreendeu que Jesus era o delegado prometido e redentor da gente. **AS DEDUÇÕES DOS EVANGELHOS** Nos quatro Evangelhos é evidente que o Espírito Sagrado adveio sobre Jesus no seu batismo para habilitá-lo a efetuar a obra de Deus. Os quatro autores reconheceram que Jesus foi consagrado por Deus para executar sua incumbência de trazer redenção ao mundo. Tais noções são a chave para a compreensão do batismo de Jesus. Naquela chance no princípio de seu ministério, Deus ungiu Jesus com o Espírito Sagrado para ser o medianeiro entre Deus e a sua gente. No seu batismo Jesus foi reconhecido como aquele que portaria as iniquidades das criaturas; Jesus foi batizado para se igualar à gente pecadora. De modo semelhante, nós somos batizados para nos equipararmos ao ato de acatamento de Jesus. Imitamos seu modelo fazendo uma manifesta declaração do nosso ajuste com a vontade de Deus. Fonte: Ilúmina

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