O tópico “Dízimos e Doações” é palco de intensos debates no interior das igrejas. Vários dirigentes estimulam o “pagamento” do dízimo como premissa para que os crentes recebam certos benefícios ou assumam posições na congregação. Todavia, quando um membro deixa de auxiliar, é comum que ele seja criticado e até mesmo classificado de “gatuno” ou tratado com reserva.
Ao examinar o assunto mais detidamente, notamos que a abordagem atual carece de um verdadeiro alicerce bíblico. Para compreendermos melhor, vamos investigar o que a Escritura Sagrada expressa sobre o dízimo:
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida." (Ml 3:10-12)
O Dízimo no Antigo Testamento
O dízimo foi estabelecido por Deus desde o período patriarcal. A Bíblia declara que Abraão e Jacó praticavam o dízimo: "E Abrão lhe deu o dízimo de tudo." (Gn 14:20) e “…de tudo o que me concederes, certamente eu te darei o dízimo.” (Gn 28:22). Com a formação de Israel como nação escolhida por Deus, o dízimo tornou-se um preceito formal.
No período da Lei, o dízimo era usado para amparo dos levitas e assistência aos estrangeiros, órfãos e viúvas (Nm 18:21-24; Dt 14:28-29). Hoje, ele ainda é um exemplo de prática que pode ser seguido, representando uma forma de “oferta” agradável a Deus.
O Dízimo no Novo Testamento
No Novo Testamento, Jesus admitiu a validade do dízimo para os israelitas, Ele mesmo sendo judeu e vivendo sob a Lei (Gl 4:4; Mt 5:17-18). Entretanto, Ele não determinou expressamente que os participantes da Nova Aliança seguissem a prática. Paulo instruiu as igrejas a serem generosas, doando conforme suas condições e com alegria, sem obrigatoriedade, mas com o coração disposto (2Co 9:6-9; 1Co 16:1-2).
A Igreja de Cristo é chamada a doar voluntariamente, impulsionada pelo amor e pela gratidão a Deus, para suprir as carências da obra e manter o templo. Doar ou dizimar não deve ser um ato forçado, mas sim um gesto de veneração.
Os Dízimos na Atualidade
Na atualidade, dizimar e doar se tornaram práticas desgastadas, por vezes encaradas como uma exploração da fé. Essa percepção é reforçada por dirigentes que utilizam o dízimo para enriquecimento pessoal ou fazem promessas ilusórias de prosperidade material. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Coríntios, disse: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito… pois lhe são loucura; e jamais pode entendê-las." (1Co 2:14). Para aqueles que nascem de novo e são conduzidos pelo Espírito Santo, o dízimo é uma maneira de reconhecer a autoridade de Deus sobre nossas finanças.
O Objetivo e a Prática do Dízimo
O dízimo deve ser depositado em local apropriado, com descrição e sem registro nominal em caixas ou painéis. Não compete aos pastores rotularem ou julgarem quem não auxilia. Jesus nos convida a renunciar a tudo o que temos para sermos seus discípulos (Lc 14:33). Dessa forma, o dízimo se torna um ato de renúncia, de entrega e de gratidão.
As Bênçãos da Fidelidade
Deus promete bênçãos aos que dizimam com alegria: "Provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida." (Ml 3:10). As bênçãos que recebemos podem não ser apenas materiais, mas espirituais, enriquecendo-nos em santidade, comunhão e paz.
Conclusão
Dizimar e doar são práticas que devem refletir nosso amor e gratidão a Deus, e não ser motivadas por pressão ou coação. Quando o fazemos, tornamo-nos participantes da obra de Deus, e Ele se alegra com o que oferecemos com coração sincero.
Que possamos doar com alegria, amparando a obra e confiando que Deus proverá todas as nossas necessidades.
Pr. Elias Rios
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