Consagração é o atributo primordial de Deus e uma característica a ser aprimorada em seus devotos. “Consagração” e o adjetivo “santo” surgem abundantemente na Bíblia.
No Antigo Testamento, a primeira palavra para consagração denota isolar ou apartar. Essencialmente, consagração é um isolamento ou separação de algo maculado e dedicação ao que é puro.

CONSAGRAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, consagração, quando direcionada a Deus, alude ao seu domínio sobre a Criação e à integridade moral de Seu caráter. Deus é consagrado na medida em que Ele é completamente dessemelhante da sua criação e exerce soberana grandeza e poder sobre ela. Sua consagração é um tema de relevo nos Salmos (Salmo 47:8) e nos Profetas (Ezequiel 39:7), onde “consagração” emerge como sinônimo para o Deus de Israel. As Escrituras dão a Deus os títulos “Santo” (Isaías 57:15), “o que é Santo” (Jó 6:10; Isaías 43:15) e “Santo de Israel” (Salmo 89:18; Isaías 60:14).
No Antigo Testamento, consagração de Deus significa que o Senhor é distante de tudo que é perverso e viciado (Jó 34:10). Seu caráter consagrado é o modelo de absoluta integridade moral (Isaías 5:16).
A consagração de Deus – sua grandeza transcendente e castidade de caráter – é habilmente apresentada no Salmo 99. Os versos 1-3 retratam a distância de Deus das coisas mundanas, e 4-5 enfatizam sua separação do pecado e da maldade. Também no Antigo Testamento Deus ordenou consagração nas vidas das pessoas. Através de Moisés, Deus disse a Israel, “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (Levítico 19:2).
A consagração descrita no Antigo Testamento tem dois sentidos:

1. Exterior ou cerimonial
2. Interior ou moral e espiritual

A consagração cerimonial do Antigo Testamento descrita no Pentateuco (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento) abrangia rituais de entrega ao serviço de Deus. Assim sacerdotes e levitas eram consagrados por um ritual complexo (Êxodo 29:1), como foram os hebreus nazireus (Números 6:1-21). Profetas como Eliseu (II Reis 4:9) e Jeremias (Jeremias 1:5) também foram consagrados para um ministério profético especial em Israel.
Mas o Antigo Testamento também direciona atenção para os aspectos íntimos, morais e espirituais da consagração. Homens e mulheres, criados à imagem de Deus, são chamados a desenvolver a consagração do caráter de Deus nas suas próprias vidas (Levítico 19:2).
No Novo Testamento a consagração cerimonial proeminente no Pentateuco passa para um segundo plano. Muito do Judaísmo no tempo de Jesus procurava a consagração cerimonial pelas obras (Marcos 7:1-5), logo o Novo Testamento enfatiza a dimensão ética da consagração em vez da dimensão externa. (Marcos 7:6-12).
Com a chegada do Espírito Santo, a igreja primitiva percebeu que a consagração da vida era uma realidade interna profunda que deveria governar as posturas e pensamentos de um indivíduo em relação a pessoas e objetos do mundo exterior.

CONSAGRAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

A palavra grega usada no Novo Testamento equivalente à hebraica para consagração significa um estado interior de ausência de falha moral e relativa concórdia com a integridade moral de Deus.
A expressão “semelhança de Deus” contém o sentido da palavra original grega para consagração. Há uma outra palavra grega que descreve o conceito de consagração dominante no Antigo Testamento como separação exterior do mundo e dedicação ao serviço de Deus. Porque os escritores do Novo Testamento assumiram o retrato de deidade do Antigo Testamento, consagração é atribuída a Deus em poucos de seus textos.
Jesus afirmou a natureza ética de Deus quando ensinou seus discípulos a orar que o nome do Pai deve ser honrado pelo que Ele é, “Santificado seja o o teu nome” (Mateus 6:9).
No livro do Apocalipse a integridade moral do Pai é descrita com a atribuição tríplice de consagração emprestada de Isaías: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” (Apocalipse 4:8). Lucas, entretanto, contemplou a consagração de Deus nos termos do conceito dominante no Antigo Testamento de Sua transcendência e grandeza (Lucas 1:49).

Fonte: iLúmina