Quando se efetua a junção entre Jesus Cristo e o transgressor, instaura-se espontaneamente uma conexão de irmandade entre aqueles que estão em união com Cristo. Uma assembleia de fiéis é, desse modo, um resultado da obra libertadora de nosso Redentor, é a comunidade de todos aqueles que estão em proximidade direta com Ele mesmo. Esta comunidade é denominada de distintas maneiras no NT; contudo, seu título mais relevante, o mais representativo na época atual, é o de “igreja”. Ocorre acima de uma centena de vezes no NT. A palavra helênica que é traduzida por Igreja (ecclesia), denota uma reunião ou agregação, e por este termo se encontra vertida na Bíblia de Lutero.
O Advento da Igreja
Quando se iniciou a Igreja? usualmente se menciona o dia de Pentecostes como sendo o do advento da Igreja, pois foi então que, pela primeira vez, constituíram os fiéis um corpo espiritual pela presença íntima do Espírito Santo. Mas em certa perspectiva principiou de fato a Igreja Cristã quando dois dos discípulos de João Batista, escutando seu mestre mencionar o Cordeiro de Deus, se juntaram a Jesus (Jo 1.37). E anteriormente já existia a Igreja judaica ou congregação, por todo o período do AT. O termo “igreja” encontra-se, pela primeira vez nos lábios do Senhor, em Mt 16.18, e logo depois em Mt 18.17; e estas são as únicas ocasiões em que se cita a palavra nos Evangelhos. E isso demonstra que foi intenção de Jesus estabelecer uma sociedade de índole permanente.O Princípio da Igreja
/i>Como se iniciou a Igreja? Desejando utilizar o dia de Pentecoste como ilustração exemplar, pode-se afirmar que a igreja se iniciou pela aceitação da Palavra de Deus, proclamada pelo apóstolo Pedro. Dessa forma ficaram os fiéis ligados a Cristo, e uns aos outros Nele. A ordem exata dos acontecimentos deveria ter sido cautelosamente observada. Cristo era anunciado, depois era admitido pela fé, e em seguida por sua influência eram os contritos fiéis agregados à Igreja. Existia um determinado contato de cada fiel com Deus, pela atuação da fé, no que tange ao ser humano, e pela operação do Espírito Santo no que concerne a Deus. Em seguida ocorria o ato ministerial do batismo. A narrativa que se encontra em At 2, apresenta no NT uma representação da igreja, em suas linhas essenciais.Motivo da Existência da Igreja/i>
Qual o motivo da existência da igreja? Em geral, foi para glorificar a Deus (Ef 3.10; 1Pe 2.9), mas especialmente para preservar a irmandade entre os cristãos, para prestar testemunho ao mundo em nome de Cristo, e para maior expansão dos princípios evangélicos. E desta maneira a igreja satisfez o impulso social, e simultaneamente o proveu dos meios a empregar para estabelecer o Cristianismo no mundo. E nisto reside o grande valor da igreja: ao passo que cada fiel se salva pela sua união com Cristo, é, igualmente, santificado, não isoladamente, mas em associação com os demais. O lar, a escola, o povoado, a vila, a cidade, o país, são ilustrações da vida social, que tem religiosamente sua manifestação na igreja.O termo “igreja” encontra-se no NT, em três distintas acepções, ainda que estejam associadas. O mais antigo emprego da palavra refere-se aos cristãos de uma residência, ou de uma cidade, isto é, aos fiéis de um único local. Em seguida nota-se um sentido mais amplo, significando um conjunto de igrejas por certo período em diferentes locais (1Co 10.32; 12.28); e expande-se a significação do termo até o ponto de abranger de um modo universal os cristãos de todos os tempos e de todos os locais, constituindo o “Corpo de Cristo” (At 20.28; Ef 1.22; Cl 1.18). A igreja deve, portanto, ser encarada em seus aspectos de vida interior e de vida exterior. Esta distinção realiza-se, algumas vezes, por meio dos termos “invisível e visível”, segundo é considerada a Igreja quanto à sua Cabeça espiritual, ou à sua organização terrena; ou segundo sua vida espiritual e sua existência temporal. A Igreja é invisível pelo que diz respeito ao seu Chefe Divino e à sua vida espiritual; mas é visível em relação àqueles que a compõem. Os dois aspectos, se os relacionarmos, nem sempre se harmonizam de um modo exato. Um homem pode pertencer à Igreja visível, sem que por este motivo pertença à Igreja invisível. Pode ser membro da sociedade exterior, sem que isso queira dizer que esteja espiritualmente unido a Cristo. Tendo a vida da Igreja tomado diversas formas em sua existência de 20 séculos, somente podemos aceitar como absolutamente necessário para o seu bem-estar o que se encontra no NT. É importante observar que nunca se utilizou o termo “igreja” no NT para designar um edifício, mas sempre em relação com o povo crente em Jesus. Uma estrita precisão nos levará a evitar a expressão “igreja de Cristo”; pois o singular nunca é usado. Usa-se o plural desta maneira – “igrejas de Cristo”. É, também, muito importante ter em mente a idéia da igreja universal como primitivamente espiritual, sendo mais um organismo do que uma organização. É esta idéia espiritual da igreja que predomina em Efésios, e por ela deveríamos ser guiados a respeito da igreja local, da universal, e do ministério. A verdadeira doutrina da igreja pode resumir-se nas bem conhecidas palavras: “Onde está Cristo, ali está a Sua igreja” e se nos questionarem: “Onde está Cristo?” a resposta deve ser: “Cristo está onde opera o Espírito Santo, porque é somente esta força divina que realmente apresenta Cristo aos homens.” E se ainda formos interrogados de outra maneira: “Onde está o ES?” a resposta é óbvia: “O ES se mostra pela Sua graça e poder nas vidas das pessoas.”
Devemos ter muita cautela em não atribuir valor excessivo à posição e importância da Igreja. A expressão “por intermédio de Cristo para a igreja” é inteiramente certa; ‘da igreja para Cristo” é somente certa em parte. Jamais devemos colocar a igreja entre o pecador e o Salvador; mas se, por outro lado, exaltarmos e honrarmos a Cristo, terá sempre a igreja o seu próprio lugar, e será apreciada como deve ser.
Devemos, também, ser cuidadosos em não desvalorizar a posição da igreja. O cristão precisa da igreja para tudo aquilo que está relacionado com o culto – a irmandade, a evangelização, e a edificação. Devemos cultivar a unidade da igreja e a irmandade da maneira mais proveitosa, a fim de se realizar o propósito divino: “Para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais” (Ef 3.10)Dicionário Bíblico Universal
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