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“Elias ascendeu ao topo do Carmelo, e se prostrou por terra, e colocou o seu rosto
entre os seus joelhos. E disse ao seu auxiliar: Ascende agora e observe para a direção do mar. E ascendeu, e observou, e disse: Não há nada. Então, disse ele: Retorne lá sete vezes. E ocorreu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena névoa, como a mão de um homem, emergindo do mar. Então, disse ele: Ascende e diga a Acabe: Prepara o teu carro e desce, para que a chuva não te alcance. E ocorreu que, nesse meio tempo, os céus se obscureceram com névoas e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe ascendeu ao carro e foi para Jezreel”. 1Rs 18.42b-45

A prece é uma interação diversificada entre os fiéis e o Altíssimo. Além de vocábulos como “oração” e “orar”, essa ação é retratada como invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do Senhor (Gn 4.26), suplicar ao Senhor (Sl3.4), elevar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1), procurar ao Senhor (Is 55.6), achegar-se do trono da graça com confiança (Hb 4.16) e aproximar-se de Deus (Hb 10.22).

RAZÕES PARA A PRECE.

A Escritura demonstra motivos nítidos para o povo de Deus orar.

1) Antes de tudo, Deus determina que o fiel ore. A ordem para rogarmos vem através dos salmistas (1Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus almeja a união conosco; por meio da prece, conservamos o nosso laço com Ele.

2) A oração é o vínculo de união que necessitamos para obtermos as dádivas de Deus, o seu vigor e a consumação das suas promessas. Inúmeras passagens bíblicas evidenciam esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus adeptos que receberiam o Espírito Santo se persistissem em solicitar, buscar e golpear à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). Por isso, após a ascensão de Jesus, seus adeptos reunidos permaneceram em constante prece no cenáculo (At 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Quando os apóstolos se juntaram após serem libertados da prisão pelas autoridades judaicas, rogaram intensamente para o Espírito Santo lhes conceder audácia e soberania divina para proferirem a palavra dEle. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). O apóstolo Paulo amiúde pedia prece em seu próprio benefício, reconhecendo que a sua obra não prosperaria se os fiéis não rogassem por ele (Rm 15.30-32; 2Co 1.11; Ef 6.18, 20; Fp 1.19; Cl 4.3,4). Tiago declara sem equívoco que o fiel pode alcançar a cura física em resposta à “oração da fé” (Tg 5.14,15).

3) Deus, no seu projeto de redenção da humanidade, estabeleceu que os fiéis sejam seus colaboradores no processo da redenção. Em certa perspectiva, Deus se restringe às preces santas, de fé e incessantes do seu povo. Várias coisas não serão efetuadas no reino de Deus se não houver prece intercessória dos fiéis (ver Êx 33.11). Por exemplo: Deus deseja enviar trabalhadores para evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será conduzida a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus sem as preces do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38). Em outras palavras, o vigor de Deus para cumprir vários dos seus propósitos é libertado somente através das preces contritas do seu povo em benefício do seu reino. Se não rogarmos, poderemos até mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente.

REQUISITOS DA PRECE EFICAZ.

Nossa prece para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.

1) Nossas preces não serão atendidas se não tivermos fé autêntica, verdadeira. Jesus declarou abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11.24). Ao pai de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg 1.6; cf. 5.15).

2) Além disso, a prece deve ser efetuada em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13,14). Nossas preces devem ser feitas em consonância com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver Jo 14.13).

3) A prece só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14). Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10; Lc 11.2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26.42). Em vários casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda prece realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do
fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24).

4) Não somente devemos rogar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que solicitamos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mt 6.33). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1Jo 3.22). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às preces. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus — tal qual o profeta Elias (Tg 5.16-18; Sl 34.13,14). O AT acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as preces de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33.17). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas preces (Sl 66.18; ver Tg 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as preces dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1.15). Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2Cr 7.14; cf. 6.36-39; Lc 18.14). Note que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26.33).

(5) Finalmente, para uma prece eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da parábola da viúva importuna (Lc 18.1-7; ver 18.1). A instrução de Jesus: “Pedi… buscai… batei”, ensina a perseverança na prece (ver Mt 7.7,8). O apóstolo Paulo também nos exorta à perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1Ts 5.17). Os santos do AT também reconheciam esse princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em prece com suas mãos erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17.11). Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em prece até a chuva começar a cair (Ex 18.41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi atendida (Ex 17.17-23).

PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA PRECE EFICAZ.

1) Quais são os princípios da prece eficaz?

a) Para rogarmos com eficácia, devemos exaltar e venerar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2.47; Rm 15.11).
b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Sl 100.4; Mt 11.25,26; Fp 4.6).
c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à prece da fé (T Deus também nos instrui a rogar conforme as nossas carências, segundo está registrado em Tiago: deixamos de obter as dádivas de que precisamos, seja porque não rogamos, seja porque rogamos com motivações injustas (Tg 4.2,3; Sl 27.7-12; Mt 7.7-11; Fp 4.6). Devemos suplicar sinceramente pelos outros, em especial oração intercessória (Nm 14.13-19; Sl 122.6-9; Lc 22.31,32; 23.34). 2) Como devemos rogar? Jesus enfatiza a honestidade do nosso âmago, pois não somos ouvidos na oração apenas pelo nosso discurso de maneira vazia (Mt 6.7). Podemos rogar em silêncio (1Sm 1.13) ou em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13). Podemos rogar com nossas próprias palavras, ou usando palavras diretas das Escrituras. Podemos rogar com a nossa mente, ou podemos rogar por meio do Espírito (i.e., em línguas, 1Co 14.14-18). Podemos até mesmo rogar por meio de gemidos, i.e., sem empregar qualquer palavra humana (Rm 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos inaudíveis. Outro método de rogar é cantar ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16). A oração profunda ao Senhor será, por vezes, acompanhada de jejum (Ed 8.21; Ne 1.4; Dn 9.3,4; Lc 2.37; At 14.23; ver Mt 6.16). (3) Qual a posição adequada, do corpo, na oração? A Bíblia menciona pessoas rogando de pé (8.22; Ne 9.4,5), sentadas (1Cr 17.16; Lc 10.13), ajoelhadas (Ed 9.5; Dn 6.10; At 20.36), deitadas (Sl 63.6), curvadas até o chão (Êx 34.8; Sl 95.6), prostradas no chão (2Sm 12.16; Mt 26.39) e de mãos erguidas aos céus (Sl 28.2; Is 1.15; 1Tm 2.8). **MODELOS DE ORAÇÃO EFICAZES** A Bíblia está repleta de exemplos de orações que foram poderosas e eficazes. 1) Moisés fez numerosas orações intercessórias às quais Deus atendeu, mesmo depois de Ele dizer a Moisés que ia proceder de outra maneira. 2) Sansão, contrito, rogou pedindo uma derradeira oportunidade de cumprir sua missão suprema de derrotar os filisteus; Deus atendeu essa oração ao lhe dar forças bastantes para derrubar as colunas do prédio onde os inimigos estavam exaltando o poder dos seus deuses (Jz 16.21-30). 3) Deus respondeu às orações de Elias em pelo menos quatro grandes ocasiões; em todas elas redundaram em glória ao Deus de Israel (17-18; Tg 5.17,18). 4) O rei Ezequias adoeceu e Isaías lhe declarou que morreria (2Rs 20.1; Is 38.1). Ezequias, reconhecendo que sua vida e obra estavam incompletas, virou o rosto para a parede e orou intensamente a Deus para que prolongasse sua vida. Deus mandou Isaías retornar a Ezequias para garantir a cura e mais quinze anos de vida (2Rs 20.2-6; Is 38.2-6). 5) Não há dúvida de que Daniel rogou ao Senhor na cova dos leões, pedindo para não ser devorado por eles, e Deus atendeu o seu pedido (Dn 6.10,16-22). 6) Os cristãos primitivos rogaram incessantemente a Deus pela libertação de Pedro da prisão, e Deus enviou um anjo para libertá-lo (At 12.3-11; cf. 12.5 nota). Tais exemplos devem robustecer a nossa fé e inundar-nos de disposição para rogarmos de modo eficaz, segundo os princípios delineados na Bíblia. Fonte: **BEP**

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