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A Relação entre o Discípulo e o Planeta

“Não vos afeiçoeis ao planeta, nem aos elementos que nele existem. Se alguém se afeiçoa ao planeta, o afeto do Pai não reside nele. Porque tudo o que existe no planeta, a sensualidade da natureza humana, a ambição dos olhos e a vanglória da vida, não provém do Pai, mas do planeta.” 1Jo 2.15,16

O termo “planeta” (gr. kosmos) comumente se refere ao extenso arranjo de existência desta época, impulsionado por Satanás e existente à margem de Deus. Consiste não apenas nos deleites evidentemente perversos, depravados e faltosos do planeta, mas também se refere ao espírito de sublevação que nele atua contra Deus, e de oposição ou desinteresse a Ele e à sua manifestação. Isso se manifesta em todas as atividades humanas que não estão sob a regência de Cristo. Na presente era, Satanás se utiliza das concepções mundanas de moralidade, das doutrinas, psicologia, ânsias, governos, cultura, instrução, ciência, arte, medicina, melodia, esquemas financeiros, passatempos, comunicação em massa, desporto, agricultura, etc., para confrontar-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus critérios de lisura (Mt 16.26; 1Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1Jo 2.15,16; Tg 4.4; Jo 7.7; 15.18,19; 17.14 ). Por exemplo, Satanás emprega a profissão médica, para defender e impulsionar a extirpação de seres humanos em gestação; a agricultura para gerar substâncias destruidoras da vida, como o álcool e os entorpecentes; a instrução, para fomentar a doutrina ímpia humanista; e os veículos de comunicação em massa, para obliterar os modelos divinos de comportamento. Os crentes devem estar cientes de que, por trás de todas as iniciativas meramente humanas, existe um espírito, vigor ou força maligna que opera contra Deus e a sua Palavra. Em algumas situações, essa ação maligna é menos acentuada; em outras situações, é mais. Por fim, o “planeta” também engloba todos os sistemas religiosos originados pelo homem, bem como todas as organizações e igrejas seculares, ou tépidas.

(1) Satanás (ver Mt 4.10, nota sobre Satanás) é o soberano do presente sistema mundano (ver Jo 12.31 nota; 14.30; 16.11; 2Co 4.4; 5.19). Ele o rege juntamente com uma horda de espíritos malignos, seus comandados (Dn 10.13; Lc 4.5-7; Ef 6.12,13).

(2) Satanás tem o planeta organizado em sistemas políticos, culturais, econômicos e religiosos que são intrinsecamente hostis a Deus e ao seu povo (Jo 7.7; 15.18,19; 17.14; Tg 4.4; 2.16) e que se negam a sujeitar-se à sua verdade, a qual manifesta a iniquidade do planeta (Jo 7.7).

(3) O planeta e a igreja verdadeira são dois conjuntos diferentes de pessoas. O planeta está sob a dominação de Satanás (ver Jo 12.31 nota); a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5.23,24; Ap 21.2). Por conseguinte, o discípulo deve apartar-se do planeta.

(4) No planeta, os crentes são estrangeiros e andarilhos (Hb 11.13; 1Pe 2.11).
(a) Não devem fazer parte do planeta (Jo 15.19), não se amoldar ao planeta (ver Rm 12.2 nota), não estimar o planeta (2.15), superar o planeta (5.4), abominar a iniquidade do planeta (ver Hb 1.9), falecer para o planeta (Gl 6.14) e serem libertados do planeta (Cl 1.13; Gl 1.4).
(b) Estimar o planeta (cf. 2.15) macula nossa união com Deus e conduz à derrocada espiritual. É inviável estimar o planeta e ao Pai simultaneamente (Mt 6.24; Lc 16.13; ver Tg 4.4). Estimar o planeta significa estar em íntima união com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. Significa deleitar-se e encontrar satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele (ver Lc 23.35). Observe, evidentemente, que os termos “planeta” e “terra” não são sinônimos; Deus não veta o afeto à terra criada, i.e., à natureza, às montanhas, às florestas, etc.

(5) De acordo com 2.16, três aspectos do planeta pecaminoso são abertamente hostis a Deus:
(a) “A sensualidade da natureza humana”, que engloba os desejos impuros e a busca de prazeres pecaminosos e a fruição sensual (1Co 6.18; Fp 3.19; Tg 1.14).
(b) “A ambição dos olhos”, que se refere à cobiça ou ânsia descontrolada por coisas atraentes aos olhos, mas vetadas por Deus, inclusive o desejo de contemplar o que proporciona prazer pecaminoso (Êx 20.17; Rm 7.7). Nesta era moderna, isso engloba o desejo de distrair-se admirando pornografia, violência, impiedade e imoralidade no teatro, na televisão, no cinema, ou em periódicos (Gn 3.6; Js 7.21; 2 Sm 11.2; Mt 5.28).
(c) “A vanglória da vida”, que significa o espírito de altivez, orgulho e independência auto-suficiente, que não reconhece Deus como Soberano, nem a sua Palavra como autoridade suprema. Tal indivíduo procura exaltar, glorificar e promover a si mesmo, considerando não depender de ninguém (Tg 4.16).

(6) O discípulo não deve manter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do planeta (ver Mt 9.11 nota; 2Co 6.14 nota) deve censurar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11 nota), deve ser tempero e claridade do planeta para eles (Mt 5.13,14), deve amá-los (Jo 3.16), e deve procurar conquistá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 22,23).

(7) Da parte do planeta, o verdadeiro cristão terá provação (Jo 16.33), aversão (Jo 15.19), perseguição (Mt 5.10-12) e sofrimento em geral (Rm 8.22,23; 1Pe 2.19-21). Satanás, utilizando os encantos do planeta, faz um esforço incessante para aniquilar a vida de Deus dentro do cristão (2Co 11.3; 1Pe 5.8).

(8) O sistema deste planeta é transitório e será destruído por Deus (Dn 2.34,35, 44; 2Ts 1.7-10; 1Co 7.31; 2Pe 3.10 nota; Ap 18.2).

Fonte: BEP

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